TODOS NA MESMA MISSÃO
“Ora, o que planta e o que rega são um, e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.”
(1 Coríntios 3:8-9)
O apóstolo Paulo escreve aos coríntios para corrigir divisões e imaturidade espiritual. Muitos estavam exaltando líderes humanos, uns diziam ser de Paulo, outros de Apolo criando rivalidades dentro da igreja. Em resposta, Paulo lembra que tanto ele quanto Apolo são apenas servos, trabalhadores na mesma lavoura: a Igreja. Ele afirma que “o que planta e o que rega são um”, ou seja, não há competição no serviço cristão. Todos têm funções diferentes, mas o objetivo é o mesmo: cooperar com Deus para o crescimento do Seu Reino.
Essa passagem nos ensina que a obra de Deus é coletiva, mas também pessoal. Deus escolhe agir por meio de pessoas, dando dons e ministérios específicos. No entanto, o foco deve estar no Deus que dá o crescimento, e não nos instrumentos que Ele usa. Isso elimina qualquer espaço para orgulho ou comparação. O valor do trabalho está em sua fidelidade, não em sua visibilidade.
Paulo também nos lembra que “cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho”. Isso mostra que, embora trabalhemos juntos, Deus vê individualmente o coração e a diligência de cada servo. O galardão, ou recompensa, não é baseado em popularidade ou resultados visíveis, mas na obediência e no zelo com que servimos. Ninguém passa despercebido diante de Deus. Todo esforço sincero é reconhecido e terá valor eterno.
A metáfora se aprofunda: “vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus”. Aqui, os cristãos são tanto o campo onde Deus planta, quanto a construção onde ele habita. Somos terreno fértil, chamados a dar frutos; e também pedras vivas, sendo edificadas para formar um templo santo. Isso implica responsabilidade: como lavoura, devemos ser cultiváveis; como edifício, devemos estar bem alicerçados em Cristo.
Essa passagem é um convite à humildade, à cooperação e à responsabilidade. Cada cristão é chamado a servir, sem buscar destaque, confiando que Deus o recompensará fielmente. Somos cooperadores de um projeto divino, maiores do que nós mesmos. Quando entendemos isso, deixamos de lado as disputas e nos unimos para edificar o Corpo de Cristo com amor, dedicação e temor.
Que possamos reconhecer nosso lugar na lavoura e no edifício de Deus, servindo com alegria, sabendo que estamos participando de algo eterno e glorioso.
Ser chamado de “cooperador de Deus” é uma das expressões mais profundas que o apóstolo Paulo usa para descrever o papel dos servos de Cristo. Isso revela que o trabalho ministerial seja pregando, ensinando, intercedendo, discipulando ou servindo em áreas práticas não é mera atividade humana, mas uma parceria espiritual com o Criador. Isso deve nos encher de temor e também de alegria. Deus, que poderia fazer todas as coisas sem nós, escolheu incluir seus filhos no avanço do Seu Reino.
Contudo, esse privilégio também traz responsabilidade. A obra de Deus deve ser feita com excelência, zelo e santidade. Paulo afirma que cada um receberá seu galardão segundo o seu trabalho, e não segundo os resultados aparentes ou o reconhecimento dos homens. Muitos servos de Deus, que talvez nunca pregaram a um grande público, mas oraram fielmente, discipularam em silêncio ou sustentaram a obra com generosidade, serão grandemente recompensados por Aquele que vê em secreto.
Além disso, o texto corrige a tendência humana de formar partidos e preferências por líderes, como se houvesse competição no Reino. A unidade é essencial. Quem planta e quem rega são igualmente importantes, pois nenhum faz a obra crescer por si só. O crescimento vem de Deus (1Co 3:6), e Ele honra a colaboração entre os Seus servos. Quando há divisões, vaidade e comparação, o Corpo de Cristo é enfraquecido. Mas quando há unidade e visão comum, o Reino avança com poder.
A figura da lavoura nos mostra que o processo espiritual exige paciência e perseverança. O agricultor não planta pela manhã e colhe à tarde. Há um tempo de espera, de regar, de proteger, de tirar as pragas. Assim é também com o trabalho no Reino. Às vezes não vemos frutos imediatos, mas isso não significa que Deus não esteja operando. Ele está trabalhando nas raízes, preparando o crescimento. Quem serve precisa confiar no tempo de Deus e continuar sem desanimar.
Já a figura do edifício aponta para a solidez, a estrutura e a permanência. Deus está construindo uma casa espiritual, e nós fazemos parte dessa construção. Cada tijolo, cada etapa, cada alicerce tem sua importância. O fundamento é Cristo, e tudo deve ser edificado sobre Ele (1Co 3:11). Não há espaço para estruturas humanas frágeis baseadas em aparência ou vaidade. A verdadeira edificação é aquela firmada na Palavra, no amor e na verdade.
Portanto, ao meditarmos nesse texto, somos desafiados a avaliar como temos servido. Estamos cooperando com Deus com humildade. Estamos preocupados em aparecer ou em obedecer. Estamos honrando os outros servos de Cristo, reconhecendo que todos têm um papel vital.
A colheita virá. A recompensa virá. Mas ela será conforme o nosso trabalho diante de Deus. Por isso, sejamos firmes, constantes e abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o nosso trabalho não é em vão (1Co 15:58).
Diante da grandiosa responsabilidade de sermos chamados “cooperadores de Deus”, é essencial compreendermos que o foco de nosso trabalho no Reino não deve estar na quantidade de tarefas realizadas, mas na qualidade da nossa fidelidade. Deus não nos compara com os outros, mas avalia nosso coração, nossa motivação e a obediência que demonstramos em cada passo da jornada.
A mentalidade do mundo valoriza o sucesso baseado em números, visibilidade e influência. Mas o Reino de Deus funciona sob outra lógica: ali, o maior é o servo, e o fiel no pouco será colocado sobre o muito. Assim, ainda que nossos olhos naturais não vejam grandes frutos ou recompensas nesta vida, devemos permanecer convictos de que o Senhor, que tudo vê, é justo para não se esquecer da nossa obra e do amor que mostramos por Ele (Hebreus 6:10).
O apóstolo Paulo nos lembra que somos “lavoura de Deus” e nenhuma lavoura floresce sem sacrifício. O solo precisa ser preparado com esforço, as sementes plantadas com esperança, a terra regada com persistência, e os frutos protegidos com vigilância. Assim é com nossas vidas espirituais e ministérios. Precisamos permitir que Deus nos cultive, remova as impurezas, trate as raízes e, por fim, produza frutos que glorifiquem Seu nome.
Já como “edifício de Deus”, somos chamados a refletir a glória do Senhor como um templo vivo. Isso exige que nossas vidas estejam bem firmadas sobre a Rocha que é Cristo (Mateus 7:24-25). Não podemos construir sobre areia, sobre emoções ou sobre doutrinas humanas. O Espírito Santo deseja habitar em nós, e por isso somos chamados à santidade, à integridade e à comunhão com os outros “materiais vivos” da construção: os irmãos na fé.
Neste contexto, não devemos menosprezar o papel de ninguém. A obra de Deus não é feita apenas por pregadores ou líderes visíveis. Aqueles que oram em secreto, que limpam o templo, que aconselham alguém em lágrimas, ou que contribuem silenciosamente, todos estão construindo esse edifício santo. E todos, segundo Paulo, receberão seu galardão conforme a sua dedicação e fidelidade.
Por fim, essa passagem é um chamado à unidade. Somos um só corpo, servindo ao mesmo Senhor. Quem planta, quem rega, quem colhe, todos são parte de um mesmo processo. Não há espaço para vaidade, divisão ou competição. O que importa é que o nome de Jesus seja glorificado e que vidas sejam alcançadas.
Portanto, como cooperadores de Deus, sejamos encontrados fiéis. Trabalhemos com amor, humildade e perseverança. Plantemos a Palavra, reguemos com oração e testemunho, e confiemos que o crescimento virá do Senhor. Reconheçamos o valor uns dos outros na jornada da fé e rejeitemos qualquer espírito de comparação.Que, no final de tudo, possamos ouvir do nosso Senhor:
“Muito bem, servo bom e fiel! Entra no gozo do teu Senhor.” (Mateus 25:21)