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FACE A FACE COM A VERDADE

“Porque agora vemos por espelho, em enigma; mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.”(1 Coríntios 13:12)

Este versículo é uma das declarações mais profundas do apóstolo Paulo sobre a nossa jornada de fé e o contraste entre o agora e o então. Ele nos convida a refletir sobre a limitação da nossa visão espiritual presente e a esperança gloriosa da revelação futura, quando veremos a Deus em Sua plenitude.

Hoje, nossa percepção das coisas divinas é como olhar num espelho antigo, feito de metal polido, que reflete uma imagem distorcida e incompleta. Assim é o nosso entendimento espiritual: enxergamos, mas de modo imperfeito; compreendemos as verdades de Deus, mas ainda em fragmentos. Mesmo assim, esse conhecimento parcial é suficiente para nos sustentar na fé e nos impulsionar a caminhar em amor. Paulo nos lembra de que a revelação completa ainda está por vir, um dia em que tudo será claro e o mistério será desfeito.

Ver face a face simboliza o encontro pleno com Deus, onde não haverá mais sombras, dúvidas ou véus. É o cumprimento da promessa da presença divina, onde o amor e a verdade se encontram em perfeita harmonia. Nesse momento, conheceremos a Deus não apenas por meio de palavras ou experiências espirituais limitadas, mas de forma direta e transformadora. Tudo o que hoje é fé, esperança e expectativa se tornará realidade diante da Sua glória.

Enquanto esse dia não chega, vivemos com o coração voltado para essa esperança. Mesmo sem compreender tudo, sabemos que Deus está presente em cada detalhe da vida. Ele conhece nossas dores, alegrias e fraquezas. Quando Paulo diz: “agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido”, ele expressa uma verdade maravilhosa: Deus já nos conhece completamente. Ele vê o que ninguém vê, entende o que nem nós mesmos conseguimos explicar, e ainda assim nos ama com amor eterno.

Essa promessa nos consola nas incertezas do presente. Quando não entendemos os caminhos de Deus, quando as perguntas ficam sem respostas e o futuro parece confuso, podemos descansar nessa certeza: há um tempo para ver e compreender plenamente. E até lá, o amor é o caminho que nos guia, o mesmo amor que um dia nos levará à presença daquele que é a própria Verdade.

Viver pela fé é aceitar o em parte com humildade, sabendo que um dia virá tudo. É crer que por trás dos enigmas e dos espelhos turvos há um propósito perfeito sendo revelado aos poucos. E quando enfim estivermos diante de Deus, face a face, todo o mistério se transformará em adoração, e todo o fragmento se completará no amor eterno.

 “Agora vemos em parte, mas um dia veremos plenamente.” Essa é a esperança que sustenta os corações que amam a Deus e aguardam o dia em que o conhecerão como são plenamente conhecidos.

A verdade expressa por Paulo nos conduz a uma das maiores lições espirituais, a maturidade da fé é aprender a confiar mesmo sem compreender plenamente. Nesta vida, a fé é o nosso olhar através do espelho. É por meio dela que discernimos os movimentos de Deus, ainda que às vezes pareçam misteriosos ou até silenciosos. O amor, por sua vez, é o reflexo mais nítido que podemos enxergar de Deus neste mundo imperfeito.

O apóstolo fala desse “agora” e do “então” como dois tempos que se entrelaçam. No “agora”, vivemos entre sombras e lampejos de revelação; no “então”, viveremos na luz plena da presença divina. É como caminhar no amanhecer, quando a luz começa a tocar o horizonte, mas o sol ainda não se mostra completamente. Mesmo sem ver tudo, sabemos que ele virá  e isso basta para continuar. Assim também é com Deus: mesmo sem entender todos os Seus caminhos, confiamos porque sabemos quem ele é.

E é também uma lição de humildade do conhecimento humano. Por mais que estudemos, meditemos e busquemos entender as Escrituras, sempre haverá mistérios que só serão revelados quando estivermos na eternidade. O ser humano, limitado por sua natureza terrena, não consegue compreender completamente a grandeza de Deus. Mas isso não é motivo de frustração,pelo contrário, é um convite à adoração. Saber que Deus é infinitamente maior do que nossa capacidade de compreender nos faz dobrar os joelhos e reconhecer: “Os Teus caminhos são mais altos do que os meus.”

Além disso, somos plenamente conhecidos por Deus. Essa verdade é de nos consola imenso. Mesmo quando não conseguimos expressar o que sentimos, Ele entende. Quando nos perdemos nas dúvidas, Ele nos enxerga com clareza. Quando o espelho da alma está embaçado pelas lágrimas, Ele ainda vê o coração. Ser conhecido por Deus é viver sob o olhar do amor que não julga pelas aparências, mas compreende a essência.

Ver “face a face” será o momento da consumação de todas as promessas. É o reencontro entre a criatura e o Criador, entre o amor imperfeito e o Amor Perfeito. Naquele dia, tudo o que hoje nos inquieta será esclarecido; cada lágrima fará sentido, cada silêncio de Deus se revelará como cuidado. E nós entenderemos que nada foi em vão.

Enquanto isso, nossa tarefa é continuar refletindo a luz do amor de Deus neste mundo, mesmo através dos espelhos imperfeitos. Somos chamados a ser reflexos vivos do Seu caráter, espelhos que apontam para Cristo. O amor é o elo que nos aproxima dessa visão perfeita, porque “Deus é amor”, e quanto mais amamos, mais vemos a sua imagem refletida em nós.

Portanto, que possamos viver entre o “já” e o “ainda não”, entre a fé que vê parcialmente e a glória que revelará tudo. E enquanto esperamos, que a nossa esperança permaneça firme, sabendo que um dia veremos face a face Aquele que nos conhece desde sempre e nos amou até o fim.

 Porque agora conhecemos em parte, mas então conheceremos plenamente. Até lá, seguimos com os olhos da fé e o coração cheio de amor, aguardando o dia em que o espelho se tornará visão e o mistério, perfeita comunhão.

Estas palavras são um convite à esperança e à perseverança na fé. Ele nos ensina que a vida espiritual é um processo de amadurecimento, no qual aprendemos a confiar em Deus mesmo quando não vemos claramente o caminho. As experiências da vida, as dores, as lutas, as alegrias e as vitórias são partes do “espelho em enigma” através do qual Deus vai nos revelando a sua presença e o seu propósito.

O que hoje parece confuso e incompreensível, um dia fará sentido. Tudo o que agora enxergamos em fragmentos se unirá num quadro perfeito diante do trono de Deus. Na eternidade, não haverá mais dúvidas nem distâncias, apenas a certeza plena do amor que sempre nos guiou.

Enquanto aguardamos esse dia glorioso, somos chamados a viver com fé, esperança e amor  as três virtudes que permanecem, sendo o amor o maior de todas. É o amor que nos aproxima de Deus e reflete, mesmo que em parte, a Sua imagem em nós.

E quando finalmente O virmos face a face, todo o mistério se transformará em luz, toda lágrima em alegria, e todo o coração que creu será consolado pela visão perfeita do eterno Amor.

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