CUIDANDO DA MORADA INTERIOR
Se eu não acordasse amanhã e, porventura, hoje fosse meu último dia na Terra, será que me sentiria orgulhosa do que fiz e vivi nesta vida. Essa é uma pergunta que muitas vezes evitamos, mas que pode nos ajudar a refletir sobre a qualidade da nossa caminhada com Deus. Se a resposta não for positiva, isso não deve ser motivo para desespero, mas sim para uma decisão: começar agora, no tempo chamado hoje a cuidar da minha morada interior o meu coração.
A Bíblia nos ensina que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19-20). Se o nosso coração, nossa alma e mente não estão em sintonia com os ensinamentos de Cristo, é hora de recalcular o caminho. Não há tempo a perder. O Senhor nos oferece misericórdias novas a cada manhã (Lamentações 3:22-23), o que significa que hoje é a oportunidade perfeita para começar de novo, para realinhar nossas vidas com o propósito divino.
Quando pensamos na nossa vida, é fácil nos prendermos às realizações externas, emprego, conquistas pessoais, bens materiais. Mas será que estamos dando o mesmo valor ao estado do nosso coração? A verdadeira medida do sucesso, segundo a Palavra de Deus, não está nas coisas que acumulamos neste mundo, mas na forma como vivemos para Ele e para os outros. Jesus nos chama a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22:37-39). Essa é a essência do Evangelho e o maior mandamento que devemos seguir.
Cuidar da nossa morada interior começa com arrependimento e a busca por um relacionamento mais íntimo com Deus. Muitas vezes, estamos tão envolvidos nas demandas da vida que negligenciamos esse relacionamento, esquecendo que sem Ele nada podemos fazer (João 15:5). A oração, o estudo da Bíblia e a comunhão com os irmãos na fé são essenciais para mantermos nosso coração alinhado com os propósitos de Deus.
Se hoje fosse o meu último dia, gostaria de olhar para trás e ver que vivi com propósito, que fui luz e sal neste mundo (Mateus 5:13-14). Quero ter a certeza de que minhas palavras e ações refletem o amor de Cristo. E, se por acaso perceber que ainda há áreas que preciso corrigir, que meu orgulho, egoísmo ou falta de perdão ainda ocupam espaço no meu coração, que eu tenha a coragem de entregá-las a Deus agora. Ele está sempre pronto a nos transformar, a nos dar um coração puro e um espírito renovado (Salmo 51:10).
Afinal, a vida é curta, e ninguém sabe o dia nem a hora em que o Senhor nos chamará de volta (Mateus 24:36). No entanto, enquanto ainda há vida, há esperança. Podemos escolher viver cada dia como um presente de Deus, buscando cumprir o propósito para o qual fomos criados: glorificar a Ele em tudo o que fazemos.
Hoje é o tempo perfeito para reavaliar as prioridades, corrigir o que precisa ser corrigido e viver de uma maneira que nos prepare para a eternidade. Que ao final da nossa jornada, possamos dizer como o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2 Timóteo 4:7). Que nossa morada interior, o nosso coração seja um lugar de paz, amor e comunhão com Deus, para que, quando nosso último dia chegar, possamos partir com a certeza de que vivemos para a glória do Senhor.
Em nossa caminhada cristã, a vida aqui na Terra é apenas uma passagem, um preparo para a eternidade. Somos constantemente chamados a refletir sobre como estamos vivendo e se nossas ações, pensamentos e intenções estão em conformidade com a vontade de Deus. A Bíblia nos adverte que “os dias são maus” (Efésios 5:16) e que devemos aproveitar bem o tempo. Portanto, a pergunta ecoa em nossos corações “Se hoje fosse meu último dia, estaria eu vivendo de acordo com o propósito de Deus?” é essencial para nos despertar espiritualmente e a fé.
Muitas vezes, o corre-corre da vida nos distrai do que realmente importa. Focamos nas preocupações diárias e nos esquecemos do nosso maior chamado: viver uma vida que glorifique o nome de Cristo. Jesus, em Sua sabedoria, nos ensinou que a vida abundante não consiste na quantidade de bens que possuímos, mas na plenitude de viver para o Reino de Deus (Lucas 12:15). Isso implica uma mudança profunda na forma como encaramos nossas responsabilidades, relacionamentos e até mesmo as dificuldades.
Uma vida verdadeiramente significativa é aquela vivida em obediência à Palavra de Deus e em constante busca de Sua presença. Em João 10:10, Jesus nos promete vida em abundância, mas essa vida só é encontrada em uma relação íntima e pessoal com Ele. Essa intimidade é cultivada em momentos de oração, meditação na Palavra e submissão à vontade divina. À medida que nos aproximamos de Deus, Ele transforma nosso coração, nos capacitando a viver de acordo com o Seu propósito.
É preciso, porém, entender que essa transformação não acontece de uma hora para outra. É um processo contínuo de santificação. A Bíblia nos diz: “Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pedro 1:16). E ser santo significa estar separado para Deus, vivendo de maneira que reflete a Sua pureza e justiça. Cuidar da nossa morada interior, portanto, envolve uma luta diária contra o pecado, contra as tentações deste mundo e contra as inclinações da nossa carne.
Em Gálatas 5:22-23, Paulo nos descreve o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Esses são os sinais de uma vida conduzida pelo Espírito Santo. Ao cuidarmos da nossa morada interior, buscamos manifestar esses frutos, permitindo que Deus molde nosso caráter para que sejamos reflexos de Cristo no mundo.
Além disso, é importante lembrar que nossa caminhada com Deus não é solitária. Fomos chamados para viver em comunidade, edificando uns aos outros em amor (Efésios 4:16). A Igreja, como o corpo de Cristo, é o lugar onde encontramos encorajamento, correção e apoio para crescer espiritualmente. Participar da comunhão com os irmãos, servir uns aos outros e estar engajados na obra de Deus nos ajuda a manter o coração voltado para o Reino e para aquilo que realmente importa.
Outro aspecto fundamental é a prática do amor. Jesus nos ensinou que o amor a Deus e ao próximo resume toda a lei e os profetas (Mateus 22:37-40). Amar como Cristo nos amou envolve mais do que palavras; exige ações. Significa estender a mão ao necessitado, perdoar quem nos ofendeu, tratar todos com dignidade e respeito, e ser um agente de paz em um mundo cheio de ódio e divisão.
Se queremos viver de uma maneira que nos permita, no fim, olhar para trás e sentir orgulho da nossa caminhada, devemos fazer do amor nosso princípio guia. Não importa o quão grandiosas sejam nossas realizações externas, se não tivermos amor, nada disso tem valor aos olhos de Deus (1 Coríntios 13:1-3).
Finalmente, ao refletirmos sobre o que significa viver em função do propósito de Deus, não podemos esquecer que nossa esperança está na eternidade. Este mundo é passageiro, e a nossa verdadeira pátria está nos céus (Filipenses 3:20). Portanto, viver com propósito é viver com os olhos na eternidade, sabendo que cada escolha, cada ação, pode reverberar para além desta vida. É viver em constante expectativa pela volta de Cristo, trabalhando fielmente para o Reino até que Ele venha.
Assim, se hoje fosse nosso último dia, que possamos partir com o coração em paz, sabendo que vivemos para a glória de Deus. Que possamos, com confiança, dizer como o apóstolo Paulo: “Estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou, e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2:20).
Que cada passo nosso seja guiado por essa fé e pelo amor incondicional de Deus, cuidando da nossa morada interior até o dia em que estaremos, finalmente, face a face com o nosso Criador.