CONFIANDO EM DEUS
Lembra-te de como é curta a minha existência
Salmo 89:47-48 – “Lembra-te de como é curta a minha existência! Acaso criaste os filhos dos homens para que vivam para sempre.Que homem há, que viva e não veja a morte,ou que livre a sua alma do poder do além.”
Essas palavras ecoam de um coração aflito, consciente da brevidade da vida e da limitação humana diante do tempo e da eternidade. O salmista, em oração, clama a Deus que se lembre da fragilidade da condição humana. Ele reconhece que a vida passa depressa e que ninguém pode escapar da morte. A pergunta é direta e sem resposta: “Que homem há, que viva e não veja a morte” Essa é uma realidade universal, todos nascem, vivem por um tempo e, por fim, enfrentam a morte.
Essa oração não é um questionamento da soberania de Deus, mas sim um apelo humilde. O salmista reconhece que, sem a intervenção divina, o ser humano está perdido, não apenas fisicamente, mas espiritualmente. O “poder do além” mencionado aqui pode ser entendido como o poder do Sheol, o mundo dos mortos, que simboliza o fim da existência sem esperança, a separação da presença de Deus.
Esse clamor também revela algo muito importante: a urgência. Quando o salmista diz: “Lembra-te”, ele está pedindo que Deus aja logo, que se lembre da sua aliança, da Sua compaixão, da Sua promessa. A sensação é de que o tempo está acabando, que se Deus não intervier rapidamente, talvez já não haja mais tempo ou oportunidade. É um grito por misericórdia antes que seja tarde demais.
Essa é uma oração que muitos de nós já fizemos em algum momento. Quando passamos por provações, enfermidades, perdas ou períodos de silêncio de Deus, podemos nos sentir esquecidos e clamar da mesma forma: “Senhor, lembra-Te de mim! A minha vida é breve!” Nesses momentos, somos lembrados de que somos pó, como diz o Salmo 103:14. Pois Ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó.
Mas há uma esperança que o salmista do Salmo 89 ainda não podia ver plenamente: Jesus Cristo. Ele veio ao mundo, venceu a morte e nos deu a promessa da vida eterna. Em João 11:25, Jesus diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” Em Cristo, a pergunta do salmista tem uma resposta: há um homem que venceu a morte Jesus e, por meio dEle, podemos escapar do poder do além.
Hoje, mesmo reconhecendo a brevidade da vida, podemos viver com confiança e esperança. A morte já não é o fim. Deus se lembrou de nós. Ele enviou o Seu Filho. E por meio dele temos a certeza de que, ainda que a vida seja curta, a eternidade nos espera.
Diante dessa verdade de que a vida é breve e a morte certa surge a pergunta: como devemos viver enquanto há tempo. O salmista, ao reconhecer sua limitação, também nos ensina sobre a importância de viver cada dia na dependência de Deus. A consciência da brevidade da vida não deve nos levar ao desespero, mas à sabedoria. É por isso que o Salmo 90:12 declara: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.”
Viver com sabedoria é compreender que cada dia é um presente de Deus e uma oportunidade para andar nos Seus caminhos. É saber que nossas decisões aqui terão reflexos eternos. Muitas vezes, somos tentados a viver como se houvesse tempo de sobra, como se a eternidade estivesse distante. Mas o apóstolo Tiago também nos adverte sobre isso, dizendo: “Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Qual é a vossa vida. Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (Tiago 4:14).
Diante disso, a sabedoria está em buscar a Deus enquanto se pode achá-lo, como diz Isaías 55:6. A salvação em Cristo é o maior dom que o ser humano pode receber, não apenas uma promessa futura, mas uma realidade presente que transforma a maneira como vivemos aqui e agora. Jesus não apenas nos oferece vida eterna, mas vida abundante (João 10:10).
Quem vive com essa perspectiva não teme a morte, pois sabe que ela não é o fim. O apóstolo Paulo escreveu com confiança: “Para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1:21). Essa é a segurança que o evangelho nos dá: a morte perdeu seu poder, o túmulo não é o destino final. Em Cristo, há ressurreição, restauração e vida eterna com Deus.
A pergunta do salmista, “Que homem há que viva e não veja a morte” continua sendo um lembrete de que não somos invencíveis. Mas agora temos uma resposta que ele ainda não conhecia plenamente: há um Salvador que venceu a morte por nós. E por isso, podemos enfrentar a vida e a morte com fé, esperança e confiança.
Além disso, a consciência da brevidade da vida nos chama a valorizar o que realmente importa. Em vez de gastarmos nossas forças com o que é passageiro, somos chamados a investir no que é eterno: no nosso relacionamento com Deus, na comunhão com nossos irmãos, no amor ao próximo, no serviço ao Reino.
Ao compreendermos a fragilidade da vida, somos levados a depender ainda mais da graça e da misericórdia de Deus. Nada neste mundo é garantido: saúde, bens, posição ou tempo. Mas a fidelidade do Senhor permanece para sempre. O salmo 89, mesmo sendo um lamento, está inserido num contexto de aliança. O salmista clama com base nas promessas que Deus fez a Davi e essa aliança se cumpre plenamente em Jesus Cristo.
Cristo é a nossa esperança no tempo e na eternidade. Ele conhece nossa estrutura, sabe que somos pó, e mesmo assim nos amou com amor eterno. Ele não apenas se lembrou da nossa condição humana. Ele veio até nós, assumiu nossa natureza, morreu a nossa morte e ressuscitou para nos dar vida.
Portanto, mesmo em meio à angústia, temos consolo. Mesmo diante da morte, temos vitória. E mesmo com uma vida breve, podemos viver com propósito eterno. Que cada novo dia seja uma chance de amar, servir, perdoar, buscar a presença de Deus e testemunhar do evangelho.
Pergunte-se: Se minha vida terminasse hoje, eu estaria pronto para me encontrar com o Senhor. Tenho vivido com propósito eterno, tenho buscado conhecer mais a Deus e fazer a Sua vontade.
Que esta reflexão nos leve a uma vida mais intensa com Deus, mais firme na fé e mais comprometida com aquilo que tem valor eterno. Que possamos orar como o salmista: “Lembra-te, Senhor, de como é breve a minha vida” não para viver com medo, mas com urgência e dedicação, certos de que nossa esperança está firmada naquele que vive para sempre. Amém.